quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Lenda de Eastwood


“And I walk these streets, a loaded six string on my back
I play for keeps, 'cause I might not make it back
I've been everywhere, still I'm standing tall
I've seen a million faces and I've rocked them all”
Wanted Dead or Alive – Bon Jovi



Dwight Callahan heim? Estou sabendo! Bom, eu sei que não é sobre mim que você está interessado, já que eu não sou ninguém! Você quer saber do xerife Bill com certeza. Todo mundo quer saber dele! Não sei muito mais do que a maioria aqui de Eastwood e duvido que alguém lhe fale sobre o passado dele. Sabemos tudo sobre sua chegada e permanência em nossa miserável cidadezinha, mas o que veio antes é apenas estória que o povo conta.
Ficamos bem abaixo de Albuquerque e Santa Fé. Estamos muito longe da sua cidade ianque, seja ela qual for e diabos! Ficamos meio longe até mesmo de El Passo, mas passa por aqui quase todo viajante que quer chegar ao longínquo oeste sem ter que enfrentar a cordilheira que acompanha o Rio Grande vindo de Roswell. Esse é o caminho mais conhecido, mas não tão fácil. Têm os bandoleiros e bem, por essas terras, sempre tem os peles vermelhas.
Acho que não é isso que quer saber, não? Você quer saber sobre o xerife que carinhosamente chamamos de Bill Law. Bom, posso dizer, quase com certeza, que o nome dele é Willian Jackson Lawrence e foi sargento do décimo terceiro regimento da quinta cavalaria dos Estados Unidos da América. Sim, imagino que esteja pensando em Old Jack, mas falo nisso depois.
Dizem que Willian desertou em algum momento durante a Batalha de Little Big Horn onde muitos afirmam que ele foi viver entre os selvagens e se não acredita em mim, pode ir na delegacia conhecer o Cheyenne que está sempre com o xerife, mas o chame assim e você vai acabar com uma machadinha no peito!
Bom, mas deixa eu falar do primeiro dia em que a cidade viu o xerife. Eu estava sentado bem aqui, no fundo do saloon, quando ele entrou pela primeira vez. Ninguém o conhecia na época, nem de rumores. Sentou-se no balcão e pediu uma bebida qualquer para o Danny Boy. James Carson, que era o xerife de Eastwood na época, foi até o homem para saber o que aquele forasteiro queria por lá. Normalmente Carson não faria isso, mas Bill estava armado e ele resolveu perguntar. Era algo comum sabe? Muitos viajantes passam por aqui e a maioria armado. Já falei dos índios não? Enfim, quando James estava bem perto de Law houve um estrondo seco e o xerife caiu.
Lawrence tinha dado um tiro que pegou Carson de surpresa e deve ter morrido antes mesmo de cair no chão. Todos ficaram assustados, claro, mas ninguém gostava do xerife, pois ele trabalhava mais para os fazendeiros que para qualquer um que estava ali e isso marcou a sentença de James.
Bill pegou a estrela de xerife e colocou no próprio peito. Assim o homem virou lenda. Disse seu nome inteiro e falou que se alguém tivesse problemas com aquilo para procurá-lo na delegacia. Assim o novo xerife saiu e logo ouvimos mais tiros, era ele matando os dois únicos ajudantes do xerife e não ouvimos mais nada.
Todos ficaram com medo, pois como eu disse o antigo xerife trabalhava para os fazendeiros e logo haveria um tiroteio entre os capangas de algum colono e o pobre Willian, mas não foi isso que aconteceu.
Naquela mesma tarde; Frank Turner, o homem que tinha mais terras nas redondezas, apareceu na delegacia em pessoa, com seus homens, para conversar com o novo xerife. Acredito que ele pensou que podia comprar Lawrence como fazia com o outro, mas no meio da conversa acabou levando um tiro de surpresa também. Só que Turner não morreu e os capangas se prepararam para abrir fogo contra Bill.
Ninguém sabia, ou melhor ninguém teria sequer imaginado, mas havia homens nos telhados das casas perto da delegacia. Eram homens de Willian! Abriram fogo e houve uma pequena chacina em nossa pequena Eastwood.
Quando a poeira abaixou não tinha sobrado ninguém do lado de Turner, que também estava morto. O xerife deixou isso como um aviso para que ninguém desafiasse a sua lei. Sim, Lawrence era a lei agora e nenhum outro fazendeiro tentou matá-lo abertamente depois disso. Assim a lenda virou mito e muitas coisas se falam de nosso amado xerife Bill Law.
Agora vou lhe contar a primeira vez que eu vi Bill. Sim, eu acabei de contar a primeira vez que Eastwood o viu, mas eu já tinha visto ele antes e com esse breve relato você poderá tirar suas próprias conclusões sobre o passado de nosso xerife.
Estava em El Passo, ao sul daqui, quando o vi pela primeira vez, ou melhor, quando receio que o vi. Estava em um estábulo preparando meu cavalo para seguir viagem quando eu o vi entrar. Era o mesmo homem que se tornaria Bill Law com certeza. Aposto meu bigode nisso! Só que Willian estava vestido com uma farda dos confederados e isso tinha desagradado algumas pessoas ali. Havia um grupo de soldados da União que resolveram tirar satisfação com Bill. Aquilo deu em briga e você já deve imaginar o que aconteceu. Mas o mais importante era a farda, que todos sabem que a única pessoa que ainda tinha coragem de usar a farda nesses dias é o famoso criminoso conhecido como Old Jack!
Então tire suas próprias conclusões! Na verdade, acredito que já saiba de tudo que estou falando, pois eu percebi sua reação quando disse o nome do xerife inteiro.
Não! Está tudo bem! Imagino que seja um daqueles caçadores de recompensa pagos pelos fazendeiros que não querem peitar o Bill Law de frente ou talvez um dos novos agentes do presidente querendo descobrir se ele é realmente Old Jack.
Bom, tenho uma boa notícia e uma ruim para você.
Sim, a boa notícia é que ele realmente é o famigerado bandido, ou melhor dizendo, foi o pistoleiro e ladrão de bancos.
A má noticia, meu amigo, é que eu me juntei ao bando dele em El Passo e infelizmente terei que matá-lo agora. Nada pessoal sabe, mas é o meu trabalho. Tenho que matar qualquer forasteiro que venha perguntando do passado do xerife. Mas fique tranqüilo, escutará apenas um estrondo seco e morrerá rapidamente, sou bom nessas coisas sabe?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Letrinhas Dispersas

Poucas vezes eu irei mudar a forma que eu posto em meu blog para escrever outros temas e esse é um desses momentos. Meu propósito é divulgar meus contos, estórias e poemas e tem sido assim desde quando o criei. No entanto, essa é a segunda vez que modifico isso e a razão não poderia ser mais especial.
Quero homenagear uma pessoa incrível em que conheço há muito pouco tempo, mas foi responsável indiretamente por esse blog, seja como fonte de inspiração, seja como apoio para continuar escrevendo...
Lívia Inácio.
Conheci-a no cursinho. Ela era aluna enquanto eu dava aulas de História do Brasil e infelizmente tivemos um contato muito superficial. Lívia passou no vestibular e foi fazer a tão sonhada faculdade de jornalismo.
Esse ano uma amiga em comum esteve trabalhando com ela por um tempo e, mediante a esse contato, eu tive a oportunidade de “visitar” seu lindo blog.
Chamado “Letrinhas Dispersas” o blog de Lívia se dedica a contos, estórias e poemas, mas essa aparente semelhança com o meu blog pode enganar.
Eu nunca poderia escrever com tanta beleza, delicadeza e ingenuidade que faz tão bem a nossa alma e coração.
Nesse sentido seu blog é o oposto do meu e sempre que estou cheio de preocupações e problemas permeando minha mente é para o “Letrinhas Dispersas” que eu vou, pois sempre tem um escrito novo e cativante.
Nossa querida Lívia é possuidora de uma habilidade ímpar com as palavras tornando a leitura gostosa e agradável.
Fica aqui então minha dica, em um 12 de outubro, para todos aqueles que querem ter a incrível sensação de voltar no tempo e ler algo de pureza límpida e suave para esses dias tão escuros que estamos vivendo agora.
Vocês encontrarão um dos melhores blogs que eu já tive a sensacional oportunidade de ver a acompanhar fielmente.
Parabéns Lívia!!!

Letrinhas Dispersas
http://letrinhasdispersas.blogspot.com/