Amaldiçoados
são os dias que eu tenho passado nessa terra esquecida pelos Deuses
Verdadeiros, essa é a verdade! Sombria é minha caminhada pela ilha de Ergoth
Meridional, mesmo que eu tenha atravessado Daltigoth com seus Ogros, desvendado
os mistérios do Vale Enevoado ou escapado das entranhas da Cordilheira do
Último Gaard. Mesmo assim, o que vivo agora é o pior dos tormentos. Nem meus
pesadelos mais obscuros e íntimos possuem um terror tão avassalador.
Minhas
desventuras nas ruínas do antigo império tiveram seus momentos derradeiros em
um pequeno vilarejo chamado Mardóvia na região ancestral da Valáquia, local que
guarda os segredos do Castelo Valenescu, que embora tenha a aparência de ter
sido abandonado há muito tempo, muitos falam que o próprio lorde do local,
Conde Stefan, ainda mora lá nos dias de hoje.
E eu não
acreditava nos aldeões...
A vila é
exatamente isso, um pequeno povoado que de tão isolado do mundo depois que
ocorreu o fatídico Cataclisma, nem haviam clérigos no lugal. Obviamente, como
era meu dever e, devo admitir, desejo também; acabei por ficar entre seus
moradores e servir como a única luz dos Deuses diante daquelas trevas.
Diante de
tantos acontecimentos sinistros hoje eu quase não consigo me lembrar dos meus
primeiros anos ali, pois eles foram bons. Encontrei uma dedicada aluna e
companheira chamada Katarina Dobrev. Aqueles foram bons anos e geraram muitos
bons frutos para mim e principalmente para a comunidade, mas então a verdade
saiu do interior da neblina espessa.
Começamos a
ter vários problemas com o cemitério ao norte de Mardóvia e logo percebemos se
tratar de mortos-vivos! Entretanto, os que ainda caminham já não seria um
problema tão sério, pois eu mesmo tinha fundado a Ordem dos Portadores da Luz e
contava com quase dez companheiros corajosos e fiéis a causa.
No entanto,
por mais que combatêssemos as criaturas, mais surgiam em outro dia e tivemos um
trabalho enorme pra convencer a população que a partir daquele dia deveríamos
queimar nossos mortos.
Mesmo assim,
não adiantou muito.
O Bosque Raska,
que quase engole totalmente a vila, acabou ficando ainda mais sombrio do que já
era... Relatos de lobos enormes e morcegos medonhos têm sido cada vez mais
freqüentes e praticamente qualquer um que se aventure por lá acaba
desaparecendo. Eu mesmo perdi um dos meus melhores homens naquelas matas.
Logo, resolvi
que eu deveria entender mais sobre o que estava acontecendo, assim eu deveria estudar
mais sobre a história do Condado da Valáquia e sobre os mortos-vivos, por
conseqüente a própria e nefasta necromancia.
E tive
resultados esclarecedores.
Descobri,
incrivelmente, que o Castelo Valenescu realmente ainda estava em atividade. Aquele
era o lar dos lordes da Valáquia que tinham ganhado essas terras do próprio
Imperador de Ergoth quando o império ainda estava no seu auge. Algum momento
logo antes da Rebelião das Rosas.
A história da
poderosa família Valenescu não chegou ao fim como a maioria das famílias
meridionais ergothianas durante o Cataclisma. Eram os tempos de Titius e Anastásia
Valenescu. Eles prevaleceram e quando os problemas da Era do Desespero
atingiram suas terras houve quem se levantasse e os ajudasse.
Surgiu um
cavaleiro incrivelmente hábil chamado Stephanos Von Torevich que expulsou as
hordas de Ogros da Valáquia e desafiou que qualquer hoste maligna ousasse
entrar naquele condado novamente.
Claro que
Stephanos fora bem sucedido e a família Valenescu o encheu de honrarias lhe
concedido tudo que o cavaleiro pedia, menos uma única coisa. Sua filha. A
pequena e jovem Valéria.
Entenda que os
pais adorariam casar sua filha com um poderoso cavaleiro como Stephanos, mas
este era velho demais e causava profunda insatisfação em Valéria. Por fim, o
Conde Titius Valenescu resolveu conceder a mão de sua filha caso ela mesma
aceitasse Stephanos.
Isso nunca
aconteceu.
Movido pelo
sentimento de ingratidão e puro ódio Stephanos Von Torevich, o cavaleiro branco
que salvara o condado, se voltou contra o castelo e assassinou toda a família
Valenescu deixando somente a jovem Valéria com quem se casaria, agora, a força,
mas esta, por um golpe do destino, se matou pulando de uma das torres do
castelo, horrorizada com as atrocidades de Stephanos.
Mesmo com a
perda, o cavaleiro se auto-intitulou Conde da Valáquia e governou o castelo
por... todos esses anos. São duzentos anos de governo, mais os cinqüenta que
ele deveria ter na época, logo percebo que não é natural essa criatura.
Isso eu
descobri por último, pois o Conde Stefan que todos falam não é seu descendente,
mas sim o próprio Stephanos que matou a família Valenescu comendo seus corpos e
bebendo de seus sangues.
Este é o
inimigo que eu enfrento, uma criatura sinistra quase tão antiga quanto nossa
Era e que levou a vida da maioria dos meus homens e de muitos inocentes da vila
da pequena e simplória Mardóvia. Ele já levou quase tudo de mim e é por isso
que desesperadamente venho pedir ajuda de vocês e já me condeno por trazê-los
ao terror que temos vividos aqui nas ruínas do Antigo Império de Ergoth.