Finalmente,
depois de décadas, Conan retorna a sua editora de origem oficial nos
quadrinhos, a Marvel Comics. Feito
com muito alarde e propaganda, essa pode ser marcada como uma nova era ao
personagem revitalizando seu universo e, como muitos fâs esperam, talvez traga
seu retorno em várias mídias como o cinema.
Algumas
vezes, determinados acontecimentos parecem vir em uma espécie de onda nos dando
a impressão que todo um universo está conspirando para que aquilo realmente
aconteça. Bem, estamos em uma onda de retorno às histórias de “Espada e
Feitiçaria” bem como Conan à frente desse movimento.
Temos
lançamentos do personagem por editoras de quadrinhos na Europa e até no Brasil
com tentativas de relançar suas revistas clássicas bem como os contos do
próprio autor original, mas primeiramente devemos entender como foi a origem de
Conan na literatura, bem como a popularização de um gênero e como todo esse
universo foi parar nas histórias em quadrinhos. Assim podemos compreender bem
exatamente o que está retornando.
Espada
e Feitiçaria foi um gênero literário que fez muito sucesso no inicio do século
XX devido à popularidade de suas histórias em revistas pulp com suas capas belissimamente ilustradas por artistas que
fizeram carreira como capistas.
Robert
E. Howard foi um dos mais famosos e aclamados escritores e criador do bárbaro Conan
e do rei Kull de Atlântida, bem como do universo que o cerca, sobretudo a “Era
Hiboriana”. Autor recorrente da revista Weird
Tales, Howard fez sucesso rápido e suas histórias popularizando, junto com
outros nomes como Clark Ashton Smith, Fritz Leiber e Michael Moorcock, o gênero
de Espada e Feitiçaria dando até outros frutos como a fantasia. Se existe um
Tolkien escrevendo O Senhor dos Anéis, é porque antes existiu um Howard
escrevendo Conan.
Todo
esse sucesso chamou a atenção de Roy Thomas, que viria a se tornar dos maiores
nomes editoriais da Marvel Comics.
Thomas estava envolto a uma idéia de adaptar personagens da literatura para os
quadrinhos em busca de histórias diferentes do que estavam acostumados a fazer
na Casa das Idéias.
Foi
com muita dificuldade que Thomas se juntou ao artista Barry Wilson Smith lançam
Conan The Barbarian em 1970. A idéia
original era para chamar o aclamado quadrinista John Buscema, mas não foi
possível devido ao seu alto custo, no entanto, isso seria corrigido mais tarde
com o lançamento posterior da The savage
Sword of Conan. A revista teve um inicio com muito sucesso e a Marvel Comics iria repetir a formula
adaptando outras obras e produções também de sucesso como a franquia Star Wars por exemplo.
Entretanto,
a editora não consegue mais lidar bem com o personagem Conan e suas histórias
nos anos 90 que acaba refletindo nas vendas e o cancelamento das duas revistas.
O cimério acaba indo para outra editora, a Dark
Horse que também tem um inicio auspicioso, mas logo acaba tendo baixas de
vendas. Assim recentemente a Casa das Idéias conseguiu os direitos do
personagem novamente, podendo relançar a revista Conan The Barbarian pelo selo Marvel
Comics.
O
quadrinista Jason Aaron é chamado para fazer esse roteiro de retorno e o
artista Mahmud Asrar fica a cargo das ilustrações. Muitos duvidaram do
desenhista, mas Asrar surpreende um traço competente para retratar Era
Hiboriana embora, claro, pode ter rejeição dos mais saudosistas aos desenhos
clássicos de Barry Wilson Smith ou principalmente do aclamado quadrinista John
Buscema.
Talvez
seja importante destacar que a maioria dos leitores tem uma arte em preto e
branco como referencia as estórias de Conan, mas esta abordagem era
principalmente usada na Espada Selvagem de Conan com um formato diferenciado
dirigido mais ao público adulto. Conan, O Bárbaro era, digamos, um quadrinho
mais ao estilo da Marvel Comics e
essencialmente colorido.
A
Casa das Idéias chega nessa retomada com uma abordagem padrão da fase “Legado” de
suas publicações. Embora tenha o número 1 na capa, temos em menor destaque o
número 276 que seria referente à continuação do título clássico, sendo uma
decisão editorial que é transmitida também na estória, pois logo nas primeiras
páginas temos homenagens aos artistas anteriores do personagem mostrando que
tudo que ocorreu antes (pela Marvel)
deve ser considerada no enredo daqui para frente.
Jason
Aaron é um fã confesso de Conan tendo totais condições para escrever uma
revista do cimério, não apenas como conhecedor do personagem, mas como ótimo
roteirista, principalmente em personagens de estilo mais rústico ou até
mitológico, como podemos acompanhar na sua elogiada fase com outro personagem
da editora, Thor o Deus do Trovão.
Provavelmente
foram suas estórias para o Filho de Odin que influenciaram a Marvel Comics à chamá-lo para a tarefa.
Todo o tom mitológico, e até profético, que Aaron usou em Thor o torna uma
promessa para escrever Espada e Feitiçaria.
Assim
o roteirista tem um inicio bastante promissor usando linhas temporais como fez
em Thor, o que dividiu muitos leitores, mas combina incrivelmente bem com a
narrativa de Howard que não tinha linearidade temporal ao escrever seus contos
sobre o bárbaro da Ciméria. Aaron convoca o Rei Conan logo no inicio
(referencia tríplice aos contos, histórias em quadrinhos, mas principalmente ao
filme de mesmo nome estrelado por Arnold Schwarzenegger em 1982), mas
paralelamente também mostra o personagem mais jovem ao que tudo indica
enfrentando a mesma ameaça em duas linhas temporais em um título de arco
aterrador de A Vida e Morte de Conan.
O
retorno de Conan, O Bárbaro para a Marvel
Comics ainda não pode ser avaliado totalmente na leitura de apenas sua
primeira revista, mas que teve um trabalho muito competente até aqui e que os
quadrinistas tem total capacidade de produzir material digno do Rei da
Aquilônia, temos certeza disso! Entretanto nos resta aguardar como o personagem
vai se desenrolar pela Casa Das Idéias daqui para frente.
Em
resenhas posteriores pretendo tratar arco por arco concluído dessa nova fase do
Cimério na Marvel Comics e também fazer
alguns comentários sobre A Espada Selvagem de Conan que já estreou agora em
fevereiro pela mesma editora.
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