quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Quarto


Foi naquele desconhecido quarto escuro que derradeiramente estendeu o que tinha se passado e como aquela profusão de sentimentos o tinha entorpecido. Era como se estivesse sobre o efeito das drogas que os outros usavam festivamente fora dali. No entendo, se via sobre o efeito de uma química muito mais antiga e inexorável. Algo ainda mais profundo e bem mais complicado.

O Amor.

Tinha prometido a si mesmo não cair nesses meandros dissimulados e sentimentos platônicos, mas como sempre, isso realmente não se pode controlar. Percebeu o perigo bem antes, claro, e a mantinha distante, entretanto algo os aproximou e os levou para aquele quarto.

Como ele poderia evitar?

Havia algo na forma que ela se movia que encantava. Talvez na maciez do seu andar ou talvez na forma que o vento acariciava-lhe os cabelos escuros. Não sabia. Apenas tinha certeza que aquela pequena o tinha abalado de tal forma que era difícil se manter longe. Penoso ter que esconder todo aquele sentimento dentro de si... e ela se movia.

Ela se movia.

O apaixonado olhava a sua musa se virar na cama. Era tão calmo a ver dormir que o rapaz agora ignorava as risadas e sons que vinham de fora do quarto. Somente havia aquela respiração profunda que mesmo assim era de uma leveza incomparável. A moça tinha abandonado as cobertas e ele podia ver os primeiros brilhos do alvorecer adentrar pelas frestas da janela e tocar-lhe a pele alva e cremosa.

Puxou-a para si.

Ela prontamente respondeu sem nem precisar ser instada. Abraçaram-se da forma em que ele ficaria as suas costas e a jovem meneou a fim de buscar-lhe os lábios, mas estes não se aproximaram. Houve dúvidas em sua mente e confusão na dela, mas ambos se aproximaram ainda mais. A moça se virou manhosamente e com as mãos deslizando por seus cabelos, com calma e firmeza, suas bocas se tocaram novamente.

Beijo.

Era tímido e suave, mas ascendeu de forma vigorosa que provocou uma força desesperada em ambos. Não mais entendiam o que aconteciam e estavam tão perdidos como toda a confusão que acontecia fora dali, mas ao mesmo tempo estavam calmos e certos do que estavam fazendo. Não pensavam no passado e nem no futuro. Pensavam no presente que aquele momento tinha proporcionado aos dois apaixonados. Era tudo o que existia para eles.

Apenas um momento naquele quarto esquecido.

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