domingo, 14 de fevereiro de 2021

Asilo Arkham de Grant Morrison


Novela Gráfica escrita em 1989 sobre uma rebelião no Asilo Arkham que, além dos loucos terem tomado o lugar, também fizeram vários reféns tendo como exigência vários pedidos bizarros e que o próprio Batman entre no manicômio que seria seu verdadeiro lugar. Paralelo ao presente essa estória conta ainda sobre a criação do hospício e o passado de seu fundador.  

Roteirizada pelo controverso autor escocês Grant Morrison que reformulou totalmente os títulos do Homem Animal e Patrulha do Destino estando intimamente ligado ao início do selo Vertigo. Reconhecido por suas tramas complexas e com narrativas de metalinguagem cheias de referências culturais e de contra cultura. Tal argumentista parece se encaixar perfeitamente para uma história em quadrinhos cheia de simbolismos que retrata não apenas um asilo, mas a loucura em si. 

Assim, Asilo Arkham não é apenas mais uma estória de super heróis convencional, tão pouco outra aventura rotineira do Batman, mas uma história em quadrinhos que aprofunda a questão da loucura tendo os vilões, e o próprio protagonista, como elementos para mostrar o quanto os indivíduos podem se entregar totalmente a insanidade além de leves críticas ao método da psicologia para tratar os pacientes e como a ciência ainda está muito longe de algum resultado real ou minimamente satisfatório.   

Somos mergulhados no passado de Amadeus Arkham, o fundador do Asilo, e suas experiencias com a loucura da própria mãe e o nascimento de seu desejo para entender e curar as pessoas que estiveram na mesma situação. Isso é mostrado em uma narrativa cheia de metáforas e abertamente ligada a simbolismos, por muitas vezes herméticos e até místicos, mesclando os diversos temas já trabalhados nas revistas do Cavaleiro das Trevas de forma orgânica e, talvez, crível. 

Muito já se especulou sobra elementos mágicos em Gotham com toques de terror sobrenatural e Morrison trás aqui esses temas de uma maneira muito ligado ao ocultismo, mas passando pela loucura e a insanidade que geralmente tais poderes profanos estão intimamente ligados. Tudo em uma narrativa refinada e intrigante que usa até a mansão do Asilo quase como um personagem próprio envolto nas brumas do mistério. 



Nada desse enredo seria possível sem a arte implacável e obscura do ilustrador Dave McKean já famoso por suas capas, principalmente no aclamado título Sandman, em que ajudou a dar identidade aquele esse título e revolucionou o conceito de artes para histórias em quadrinhos. Aqui suas ilustrações se encaixam perfeitamente com a narrativa que Morrison quer mostrar em seus desenhos belíssimos e ao mesmo tempo em que dão a sensação de algo misticamente oculto e insanamente sombrio em um tom soberbo.  

É neste ambiente bizarro e demente que Batman tem que enfrentar um inimigo muito pior que seus loucos vilões que estão presos no Asilo por ele mesmo... O Cavaleiro das Trevas deve enfrentar seu próprio interior ao risco de perder sua sanidade ou pior, constatar que sempre foi tão loucamente psicótico como seus odiados inimigos.  

Nessa provação o protagonista tem que enfrentar seus mais íntimos medos na esperança de não apenas sair inocule da experiencia, mas que uma vez cedido a insanidade total, não cause ainda mais terror e danos que os pacientes criminosos do Arkham. Uma verdadeira cruzada contra as trevas do próprio Asilo, de seus internos e de si mesmo em uma jornada cheia de segredos e reviravoltas brilhantemente conduzida por seus autores.   

Uma das melhores novelas gráficas produzida pela DC Comics e, com certeza, está na lista das melhores estórias do Cavaleiro das Trevas colocando a questão da loucura dos vilões e sua relação direta com o protagonista em um novo patamar influenciando, posteriormente, os títulos do Batman permanentemente. 

Asilo Arkham é uma publicação impar trazendo a profundidade e requinte narrativo poucas vezes visto em uma revista de super heróis mostrando todo o talento e capacidade tanto de Grant Morrison como escritor quanto de Dave McKean como ilustrador justificando suas respectivas aclamações nos meios quadrinísticos e nos dando uma obra sem paralelos.  





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