segunda-feira, 15 de março de 2021

Hulk Contra o Mundo de Greg Pak


Depois de ter sido traído e exilado pelos próprios amigos ao espaço, o Gigante Esmeralda conseguiu a oportunidade de ter uma nova vida onde sua importância é reconhecida como um herói salvador do mundo de Sakaar chegando da condição de escravo gladiador à o próprio Imperador. No entanto, a mesma nave que o trouxe ao planeta desconhecido acaba explodindo matando milhares de inocentes junto à sua esposa grávida.  Agora Hulk, acompanhado pelos seus irmãos de guerra, volta a Terra em busca de vingança. Minissérie escrita por Grek Pak em 2007 tem como sequencia direta do arco Planeta Hulk do mesmo autor, mas desta vez desenhada pelo aclamado artista John Romita Jr.  

O novaiorquino desenhista John Salvatore Romita Junior é filho do famoso artista John Romita e estreou no mercado dos Estados Unidos na revista O Espetacular Homem Aranha Anual número 11 depois de passar um bom tempo como capista na filial britânica da Marvel Comics. Mas seu reconhecimento veio mesmo, logo depois, na revista mensal do Homem de Ferro e em seu retorno aos títulos do Homem Aranha chegando a aclamadas fases das revistas dos Fabulosos X-Men. Posteriormente teve uma longeva fase no título do Demolidor chegando a trabalhar com Frank Miller na aclamada minissérie O Homem sem Medo. Trabalhou com vários personagens como Justiceiro, Cable, Wolverine, Pantera Negra, Sentinela e, claro, com o Incrível Hulk.  



Sua arte foi essencial para compor esta volta do Gigante Esmeralda à Terra imbuído de uma fúria sem precedentes à cata dos “amigos” que o traíram miseravelmente ao manda-lo para o espaço como ameaça ao invés de buscar ajuda-lo como companheiro e super herói. Assim um dos primeiros temas trabalhados nesta história em quadrinhos é... quem é verdadeiramente o monstro? 

Seria realmente tal engodo dos chamados Illuminati, principalmente representados pelo Homem de Ferro, Senhor Fantástico, Doutor Estranho e Raio Negro, um ato de defesa da Terra ou apenas uma deslealdade com um amigo Vingador e, por várias vezes, salvador do próprio planeta? Tais auto proclamados super heróis realmente merecem a sede de vingança do Gigante Esmeralda? Teria como a mesma Terra sobreviver ao confronto de forças incomensuráveis em um choque titânico e inexorável?  

Claro que todo esse enredo poderia apenas servir como uma desculpa editorial para colocar alguns dos super heróis mais poderosos da Marvel Comics em confronto e vender muitas revistas e de certa forma é exatamente isso. No entanto, também se trata de uma ótima minissérie, como foi o arco que a antecede, que explora não apenas mais profundamente as facetas da personalidade do Hulk, mas também finalmente podemos ver a identidade Bruce Banner vindo à tona, sedo está, talvez, crucial para todo desenrolar da estória.  

Ora, se temos um Hulk mais furioso que nunca e com certeza de sua verdade, até que ponto ele chegará para obter sua própria vingança? Até que ponto ele chegará na execução de sua visão de justiça e quais crueldades ele poderia tomar no percurso e, se chegar a tanto, como o Gigante Esmeralda não será igual aos outros super heróis que ele mesmo chama de traidores?  

Estas e muitas outras questões são brilhantemente trabalhadas e, algumas até respondidas aqui, sem deixar que a sequência de tensão e ação diminua um pouco sequer, muito pelo contrário, ela aumenta a cada edição exponencialmente dando ao leitor um deleite inimaginável a cada página chegando à uma conclusão e clímax de proporções inesperadas e avassaladoras.  



Tudo isso sob o comando de Greg Pak, um argumentista estadunidense formado em Ciências Políticas na Universidade de Yale e História em Oxford. Trabalhou com vários títulos da Marvel como X-Men, Homem de Ferro, Hércules e Surfista Prateado bem como da rival DC Comics em revistas dos Jovens Titãs, Batman/Superman e Action Comics, além, claro de alguns títulos mais autorais. Também trabalhou como cineasta em vários filmes, curtas e documentários onde um deles, The Personals, um documentário curta metragem dirigido por sua esposa Keiko Ibi, chegou a ser premiado com um Oscar na edição de 1999. 

Incrível como Grag Pak consegue ser muito direto no argumento ao mesmo tempo que problematiza questões sem perder o ritmo da ação. Uma construção de narrativa extremamente competente que, acredito, pode agradar aqueles que procuram uma história em quadrinhos de combates em escalas absurdas de poder ao mesmo tempo que agrada quem quer mais profundidade em uma estória de ação, pois o conflito não é apenas físico aqui, mas tem também entrelinhas complexamente entrelaçadas que resultaram em grande importância ao seu inevitável desfecho.  

Muitos podem até reclamar do fechamento proposto, mas dado uma reflexão a todas as circunstancias desenvolvidas e tudo que foi trabalhado desde o Planeta Hulk, talvez até antes, pode-se dizer que o final é muito coerente com a estória que o argumentista quis apresentar e com os personagens envolvidos e, sinceramente, poucas vezes pude presenciar um combate de tamanha proporção, protagonizado praticamente apenas por dois personagens, como foi narrado no final o que me deixou extremamente satisfeito e, de certa forma, até impactado. 



Hulk Contra o Mundo é uma história em quadrinhos que apresenta muito mais o que aparenta fechando brilhantemente o que foi iniciado em Planeta Hulk e demonstrando o que algumas imposições editoriais que visão apenas a venda das revistas pode se tornar quando colocada em mãos competentes e muito hábeis de narrativa e roteiro, bem como de arte sequenciada.  

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