segunda-feira, 8 de março de 2021

Mulher Maravilha: O Círculo de Gail Simone


História em Quadrinhos originalmente lançada em 2008 nas revistas da Mulher Maravilha números 14 a 17 que contam a estória de uma tentativa de invasão de Themyscera pelos exércitos do infame Capitão Nazista. No entanto, em meio a isso são revelados segredos do passado da Mulher Maravilha e da própria Ilha Paraíso como o quase esquecido O Círculo, um grupo de amazonas que já foram responsáveis pela guardas da sua própria Rainha Hipólita e hoje amarga a condenação de traidoras.  

Escrita por Gail Simone, famosa pelos seus textos no site Women in Refrigerators que refletia sobre o papel das personagens femininas como coadjuvantes (e quase sempre vítimas) nos títulos de super heróis e; pelos seus próprios quadrinhos digitais chamados You’ll All Be Sorryda editora Comic Book Resources. Conseguindo maior notoriedade escrevendo pela Marvel Comics em revistas como do Deadpoool e depois Agente X, bem como outras editoras, até trabalhar na DC Comics em títulos como Action Comics, O Novo Átomo e Vilões Unidos. Mas foi em Aves de Rapina e Batgirl que é mais lembrada pelos leitores além, é claro, pela sua longa passagem pela revista da Mulher Maravilha. a roteirista mais longeva a escrever o título mensal.  



Assim, O Círculo, é seu início com a personagem onde em poucas páginas já podemos ver sua interpretação e definição da amazona. Uma mulher que além de hábil guerreira seria uma diplomata talentosa. Assim sua Diana não seria apenas uma combatente fervorosa, mas também uma estrategista inteligente e oradora espetacular podendo vencer batalhas árduas com o dom da palavra e muita sabedoria. Uma Mulher Maravilha dona de grande caráter e empatia que se sente lisonjeada ao ser comparada ao Superman, e o símbolo de heroísmo que ele representa; mas faz questão de se distanciar do Batman e sua cruzada quase fanática contra o crime pelo meio da violência. 

Temos então uma estória que busca, além de desenvolver, redefinir a Mulher Maravilha, uma das mais marcantes personagens da DC Comics, e o que ela representa. Logo, para isso, Simone traz algumas questões obscuras do passado de Diana que não alteram completamente o que foi contato até aqui, mas nos mostra, de maneira até crível, como as amazonas receberam a notícia do nascimento de uma nova mulher entre elas que não eram mais capazes de serem mães.  

Acredito que está aqui o mais importante, e diferencial, que esse arco nos traz, uma reflexão sobre o que a Mulher Maravilha e sua representação, não apenas para o mundo do patriarcado, mas também para a própria Themyscera e suas companheiras amazonas. Uma estória de como muitas pessoas não estão abertas a mudanças e como tais pensamentos reacionários podem levar grandes heróis a atos abomináveis em nome das tradições que, julgam, inertes no tempo.  

Claro que a autora também é hábil o suficiente para não trazer apenas uma obra reflexiva, mas também de muita ação e, talvez, seja essa a importância do Capitão Nazista e seus soldados na trama em sua invasão a Ilha Paraíso, já que não há uma consideração muito relevante sobre a sua perigosa ideologia e os propósitos do nazismo em si, mas tais figuras estão presentes apenas para que certas circunstâncias ocorram e que os combates aconteçam dando certo ritmo a narrativa se apresentando não muito mais de como vilões genéricos.  

Entretanto deve-se analisar também que tal ameaça só é possível devido a uma suposta estagnação das amazonas e sua resistência a certas mudanças que, no decorrer da estória, se mostram inexoráveis e que, justamente, a Mulher Maravilha, por representar também um certo progressismo, é capaz de lidar melhor com a situação, fazendo jus a sua condição de super heroína tanto do mundo do patriarcado bem como também, e principalmente, para Themyscera.    



A arte ficou por conta de Terry Dodson um, já reconhecido, ilustrador devido a sua passagem pelos X-Men da Marvel e Arlequina da DC Comics. Além das histórias em quadrinhos ele também criou conceitos gráficos para brinquedos, animações e videogames. E também com a colorista e arte-finalista Rachel Dodson que já tinha trabalhado na Marvel Comics com especiais do Homem Aranha.  

Temos assim uma narrativa gráfica muito competente que se destaca muito nas cenas de ação e tem um traço limpo permitindo um colorido marcante característico dos quadrinhos de super heróis que impactam o leitor em vários momentos do arco. É uma arte que não apenas tem o compromisso de contar a estória, mas também de ser apreciada por sua beleza estética e plasticidade que consegue traçar movimentos precisos com muita graciosidade. Logo é perfeita e refinada não apenas para uma revista da personagem, mas também como arte sequencial de super heróis. 

Mulher Maravilha o Círculo é uma história em quadrinhos que marca uma importante fase da personagem que se estabelece como uma vigorosa amazona, mas também como uma diplomata e estrategista de extrema inteligência e com todos as qualidades morais que, não apenas, fazem da Diana uma super heroína única e muito mais que qualificada para estar no patamar da Trindade da DC Comics, mas que também a coloca em destaque por seu equilíbrio e excelência como símbolo de heroísmo a ser seguido por gerações.        

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