sexta-feira, 21 de maio de 2010

Cotidiano...


Era um homem comum em um dia normal de uma cidade qualquer. Não havia nada de especial nele como não há nesta história. Se estiver procurando algum conto fantástico de pessoas incríveis e originais procure outros escritos meus ou vá para outro blog. Este aqui é sobre pessoas do cotidiano...
Ele estava no fim de um dia como todos os outros e, como tal, estava cansado das aulas e do estudo diligente para uma prova.
Nada demais!
De repente ele se assusta com um telefonema. Foi atender e era sua amiga. Uma daquelas amigas próximas que todos nós temos. As que contam seus segredos e desilusões e nos permite fazer o mesmo. Uma companheira para os dias mais escuros e os dias mais felizes.
Aquele na verdade era um dia escuro. Ambos estavam passando por uma péssima situação financeira. Estudavam, mas não tinham emprego. A situação tinha apartado e os dois não tinham sequer dinheiro para jantar naquela noite.
Ela o convidou para ir a sua casa. Morava perto. Ele foi tranquilamente olhando as pessoas na rua, apreciando a noite e desesperadamente tentando tirar poesia das pessoas e lugares que passava pelo caminho. Não conseguiu. Tudo era irritantemente comum. Estava pessimista e isso era normal para alguém na situação dele. Tanto a fazer e tão pouco tempo...
Estava velho, a seu ver, para a faculdade. Não tinha emprego e estava duro. Pensava que já devia ter conquistado muito e nada tinha feito. Às vezes pelas circunstâncias da vida, às vezes por culpa dele mesmo. Estava ali, andando, e o destino tinha se revelado novamente para ele. Era um momento crítico e ele até sabia o que fazer, mas seria extremamente difícil e penoso. Faria, mas era incerto se conseguiria.
Chegou à casa da amiga que demorou um pouco para atender. Quando ela chegou ao portão ele pôde admirar, como sempre, a forma que a garota estava vestida. Uma blusinha verde listrada e calça jeans surradas, uma roupa simples. A amiga sempre estava bem-vestida, mas aquele dia deveria ser o mais comum de todos. Sua roupa era bonita, mas nada perto do que ele já tinha visto. Era um dia normal.
Entraram e conversaram um pouco. Descobriram que juntos não conseguiriam tirar nada para comer aquele dia. Dois desgraçados que não tinham nada!
No entanto, a garota teve uma idéia, na verdade uma lembrança veio à sua mente. Ela tinha um cartão que nunca havia usado. Era o cartão de uma loja, mas também funcionava como cartão de crédito. Não sabiam se funcionaria realmente, mas da forma que estava era a única alternativa.
Naquela hora da noite apenas as lanchonetes estavam abertas. Como não sabiam do futuro eles não queriam gastar muito. A solução veio como um lugar que servia hot-dog. Era grande e barato, assim se dirigiram ao local.
Não era muito perto de onde eles moravam, mas dava para ir tranquilamente a pé e mesmo porque eles não tinham outra opção. Foram passos rápidos e com pouca conversa, pois a fome estava apertando.
Chegaram ao lugar e encontraram, como de costume, uma grande fila e tiveram que esperar mais.
Dor no estômago!
Fizeram o pedido, mesmo a menina pediu o maior lanche, e ficaram esperando o cartão passar. Era aquela expectativa que apenas as pessoas que já passaram por aquilo sabiam. Será que tinha saldo? Funcionaria? Impressionante como os segundos ficam longos em determinadas situações.
Frio no estômago!
O cartão passou e a reação de alívio ficou tão evidente nos dois que até o homem que estava no caixa achou aquilo estranho.
Sentaram. Ela foi lavar as mãos e ele arrumou as cadeiras. Esperaram os lanches que pareciam que nunca chegariam.
Os hot-dogs chegaram. Sem cerimônias costumeiras ambos comeram os lanches. Normalmente já era complicado comer aquilo, pois era grande e acabava caindo um pouco se não tivesse cuidado, mas não se importaram.
Logo nas primeiras mordidas a menina tinha sujado todo o seu nariz de purê de batata. Ela sorriu envergonhada e aquilo foi engraçadíssimo!
Ele quis tirar uma foto dela, a amiga protestou, mas aceitou mesmo assim. A foto não saiu boa, mas mesmo assim ele não se importou. Aquela imagem dela ficaria na sua mente para o resto de seus dias. A amizade dela e o carinho ele levaria eternamente em seu coração.
A amiga estava feliz por aquele momento, não apenas por saciar a própria fome, mas também por ter ajudado o amigo. Alguém que sempre fora prestativo e tinha ajudado nos dias negros dela também. Queria muito ajudá-lo, pois era bem quisto. Mal ela sabia que aquela tinha sido a única refeição dele aquele dia...

4 comentários:

  1. Tirar poesia do cotidiano é muito melhor que procurar fazê-lo no extraordinário. Nossa vida é tão comum e ao mesmo tempo tão bela, por que esquecer da poesia que cada um de nossos momentos pode nos proporcionar para nos prendermos àquilo que é tçao fugaz que às vezes nem marcas deixa?

    Muito boa a história. Espero apenas que não seja baseada em fatos reais!

    Keep writing!

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  2. A idéia era essa mesmo meu caro!
    Mostrar oq sabemos bem, a beleza nas coisas simples...
    Tentamos sempre buscar algo especial q esquecemos q nossa própria vida é incrivelmente especial!
    Vemos beleza o tempo todo e ignoramos muitas outras...

    Obrigado e abraços

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  3. Que gracinha! hauahuahau

    Ficou bem legal,Fábio!

    O conto é baseado em uma história real?

    Bjinhos***

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  4. Oi Lívia,

    tentei deixar mais poético um fato real sim, mas não sei se consegui!
    Esse será o primeiro de uma série q eu pretendo escrever em homenagem há vários amigos q eu tive ao longo dos anos.
    Sobre como a amizade deles se revevou pra mim...

    Sempre uma história simples, mas bonita!

    Obrigado por comentar!

    Beijos

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